Fra(n)co
Um dia as lágrimas hão de secar.
Enquanto esse dia não chega,
resta-me gritar.
(É que as lágrimas são o grito da alma.)
Sinto-me vazia e distante.
Perdida numa vida sufocante.
Incompleta, impotente, incapaz.
Esquecida, e tento voltar atrás.
Mas o tempo continua a passar,
sem parar,
e eu continuo a escrever
na direção contrária,
usando poesia ordinária.
Falta-me um pedaço no corpo.
Falta-me felicidade.
Falta-me vontade.
Falta-me querer, falta-me fazer.
E choro e grito, mas ninguém ouve.
Nunca ninguém ouve.
E cabe-me a mim levantar e fingir.
Está tudo bem.
Está sempre tudo bem,
mesmo quando o mundo se vira ao contrário.
E mesmo nesse cenário,
nesse caos imaginário,
as lágrimas são proibidas.
São inimigas.
Afinal, quem é fra(n)co o suficiente
para chorar em frente de gente?
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