Fra(n)co
Um dia as lágrimas hão de secar. Enquanto esse dia não chega, resta-me gritar. (É que as lágrimas são o grito da alma.) Sinto-me vazia e distante. Perdida numa vida sufocante. Incompleta, impotente, incapaz. Esquecida, e tento voltar atrás. Mas o tempo continua a passar, sem parar, e eu continuo a escrever na direção contrária, usando poesia ordinária. Falta-me um pedaço no corpo. Falta-me felicidade. Falta-me vontade. Falta-me querer, falta-me fazer. E choro e grito, mas ninguém ouve. Nunca ninguém ouve. E cabe-me a mim levantar e fingir. Está tudo bem. Está sempre tudo bem, mesmo quando o mundo se vira ao contrário. E mesmo nesse cenário, nesse caos imaginário, as lágrimas são proibidas. São inimigas. Afinal, quem é fra(n)co o suficiente para chorar em frente de gente?