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A mostrar mensagens de setembro, 2023

Passou uma hora e depois outra

  Passou uma hora e depois outra. Passou um dia e depois outro. E a cada tempo que passa, o silêncio torna-se mais alto. Continuo à espera, esperando e esperando que, se chegar uma palavra, não seja a última. E entre esperas, há novos começos. Novas histórias para contar, um novo quarto para amar. Deixo espaço para ti, nesta cama desconhecida, sem saber se os meus devaneios não te levaram embora. Se a incerteza é o preço da poesia, caminho de olhos fechados e de ouvidos tapadas, mas com firmeza no passo. O tempo mudou: Passam sete horas e agora mais outra.

Banco de Jardim

Banco de Jardim   Lembro-me dos tempos em que escrevia poesia num banco de jardim. Foi noutra vida, era outro eu. Lembro-me dos tempos em que me deixavam poemas num banco de jardim. Foi um desses acasos extraordinários, daqueles que me fazem viver. Dois estranhos de realidades paralelas que, um dia, se cruzaram num banco de jardim. Do is estranhos com um segredo, que partilhavam um momento, ali, naquele banco de jardim. E todos os dias, durante o tempo em que a música durou, corria rua abaixo, até à beira rio, a ver se o acaso me tinha trazido fortuna. Havia dias sem novidades, mas eram esses dias que traziam sentido às palavras. Era a espera, a antecipação, a esperança que o último poema, não teria de facto sido o último. Até que esse dia chegou. Li último poema, sabendo que seria último. Como a própria existência, que só existe durante um momento. O meu coração ficou nesse banco de jardim e, desde então, procuro o desconhecido. O desconhecido que ouve a