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A mostrar mensagens de março, 2022

Poema da Primavera

  Tenho um poema no bolso, que não quer ficar calado. As palavras têm vontade, estas cantam liberdade. Meti a mão ao bolso e tirei-o com carinho, mas o poema inquieto, com vontade de voar, escorregou para chão. Camuflado de pétalas e chilreares, misturou-se na Primavera e eu deixei de o ver. Mas há coisas que têm de ser perdidas, para que se consigam encontrar. Não o tentei descobrir e, num sussurro, pedi ao vento que o ajudasse a voar. Hoje é Primavera. É da terra que se nasce e da água que se cresce. Hoje o poema que caiu no chão, voará com o vento. Não sei para onde irá ou se procura alguém. Mas encontrará o seu lugar e, quando chover, germinará para um dia florescer.