Uma folha que toca o céu

No meu monte há uma árvore que toca o céu.
É a árvore mais alta, da colina mais alta do meu monte. 
No meu monte há um ramo que toca o céu. 
É o ramo mais alto da árvore mais alta da colina mais alta do meu monte. 
No meu monte há uma folha que toca o céu. 
É a folha mais alta do ramo mais alto da árvore mais alta da colina mais alta do meu monte.
Essa pequena folha, que agora toca o céu, está prestes a cair. 
Vai voar por segundos no colo do vento. Mas, mesmo nesse auge de aventura, ela estará a cair. 
Vamos, por isso, deixá-la voar e dançar com vento, sem lhe dizermos que cairá. Que chegará ao solo, que será decomposta e que, um dia, será o alimento de uma erva daninha. Deixe-mo-la sonhar, numa ignorância abençoada, enquanto ainda toca o céu.

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