O tempo

O tempo,
hoje veio lento.

Consigo tocá-lo,
e consigo ouvi-lo:
tic-tac, tic-tac.
Segundos sem pressa
que passam por mim.

Vêm disfarçados,
escondidos entre chilreares e brisas
ou movimentos preguiçosos.
Ainda assim, sinto-os.
Sinto-os a ir na direção em que o tempo tem de ir.
Há quem diga que é para a frente.
Há quem ache que vai para o futuro.
Eu não suponho, não assumo o seu destino.
Só o tempo sabe para onde o tempo tem de ir.
A mim resta-me vê-lo passar,
nos dias em que me deixa...

Há dias que corre, que decide fugir.
Não o consigo tocar,
e por mais que o queira agarrar,
já passou.
Ontem foi um desses dias.
Ontem não o vi passar.

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